A economia circular consiste em reduzir, reutilizar, recuperar e reciclar os materiais que utilizamos.
Chamava-se bom senso: a roupa transitava para os irmãos mais novos, depois para os primos mais pequenos. No fim, fazia-se dela panos de limpeza. A água de lavar os legumes servia para regar as plantas. Os frascos tinham uma segunda vida, guardando sementes, botões, parafusos (...) Com o passar do tempo, esquecemos estes gestos e o uso único passou a dominar as nossas vidas. Deitámos no lixo uma quantidade enorme de objectos que poderiam ter sido usados por outros e cujos materiais poderiam ter sido recuperados para fazer novos produtos. Mais tarde, percebemos que não havia matéria-prima suficiente para fazer novos produtos ao ritmo a que eram procurados e que não havia espaço para enterrar tudo o que descartávamos.
in Revista Proteste, edição Janeiro 2019
Então, o bom senso voltou. Chamaram-lhe ecologia e, agora, economia circular (...)
Numa era em que a Humanidade leva ao limite a capacidade de produção de recursos do planeta, a economia circular é vista, cada vez mais, como uma solução para um futuro mais sustentável.
Objetivo é sobretudo diminuir o consumo de recursos, através do reaproveitamento dos resíduos e das matérias primas não aproveitadas, à luz da velha lei “nada se perde e tudo se transforma”
O que a Economia Circular propõe é que os resíduos de uma indústria sirva para matéria-prima reciclada de outra indústria ou para a própria. Não só isso, como, pretende desenvolver produtos tendo em mente um reaproveitamento que mantenha os materiais no ciclo produtivo.
O modelo circular assume que os produtos e serviços têm origem em factores da natureza, e que, no final de vida útil, retomam à natureza através de resíduos ou através de outras formas com menor impacto ambiental.
Conforme concebida por seus criadores, esta economia consiste num ciclo de desenvolvimento positivo contínuo que preserva e aprimora o capital natural, optimiza a produção de recursos e minimiza riscos sistémicos administrando stocks finitos e fluxos renováveis.
No fim, este modelo pretende acabar com ineficiências, ao longo ciclo de vida do produto, desde a extração das matérias-primas até à sua utilização, pelo consumidor, através de uma gestão mais eficiente dos recursos naturais, minimizando ou erradicando a criação de resíduos e prolongando ao máximo a vida útil e o valor do produto. Seu objetivo é manter produtos, componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo.
O objetivo desta estratégia passa também por reduzir produção de energia, aumentando assim a eficiência energética; adotar planos de mobilidade que privilegiem o transporte público, a mobilidade sustentável e as ciclovias; e combater os excedentes.
A projeção de um modelo circular representa, desta forma, uma enorme oportunidade com vários benefícios associados, nomeadamente de impacto ambiental, através da diminuição do recurso às matérias-primas, impacto social, pela possibilidade de melhorar e prolongar as relações com os diferentes parceiros e impacto económico, na medida em que representa um estímulo à criatividade na redução de custos e fomenta a criação de emprego.
Para tal, são necessárias mudanças ao nível dos vários setores das sociedades, desde governos, sociedade civil, empresas, ou seja uma mudança de mentalidade das pessoas, com pessoas e para as pessoas.
Atualmente, mais de 90% dos CEOs refere que a sustentabilidade é fundamental para o sucesso de uma empresa. A informação é de um estudo conduzido pela Universidade de Standford, que diz também que 88% dos alunos das escolas de empreendedorismo acham que questões ambientais e sociais devem ser uma prioridade nos negócios. E isso tem-se vindo a notar sendo que cada vez mais empreendedores iniciantes estão a construir as suas empresas em torno da proteção ambiental. Isso levou ao surgimento de startups promissoras que se concentram em produtos duráveis, ecológicos e recicláveis.
Então, vamos juntos passar da Economia Linear para Economia Circular?
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